domingo, 10 de fevereiro de 2013

Criado por rubro-negro, 'Olelê, Olalá' é cantado até por torcida do Barça


No Brasil, futebol e Carnaval andam lado a lado. Nos estádios ou nos sambódromos, as maiores paixões nacionais atraem multidões para as arquibancadas, e a alegria dos sambas entoados nos desfiles servem de inspiração para muitas canções de torcida. Quem conhece bem essa ligação é o flamenguista Adil de Paula, o "Zuzuca", criador de um dos bordões mais populares do samba. É de sua autoria o clássico refrão "Olelê, olalá ....". Zuzuca é rubro-negro, mas, antes de tudo, é compositor, e não se importa em ver sua música cantada por torcidas rivais há 42 anos.
- Eu quero é mais que cante, apesar de eu ser flamenguista. Se cantar vai me ajudar. Se eu disser: "Não é isso", vou me atrapalhar. Saio de perto e deixo por conta deles, para eles cantarem, seja Flamengo, Fluminense... O futebol, principalmente, está casado com o samba. É coisa de povão, de paixão. Casa bem, samba e futebol - afirma Zuzuca.
Geralmente, as torcidas brasileiras apenas mudam o nome dos times e costumam manter o final, "o bicho vai pegar". A versão francesa, do Lille, diz que quem não pular não é um torcedor do time. Na Argentina, a canção serviu como um pedido de permanência para o meia Riquelmeno Boca Juniors. Mas, na Espanha, o sucesso foi maior. O samba de Zuzuca virou cântico para a torcida do Barcelona e ganhou clipe. Em catalão, eles bradam que ser torcedor do Barça é o que há de melhor. A melodia de Zuzuca se tornou tão popular que é cantada até em passeatas sem relação com o futebol.

Foto: Reprodução SporTV
O sucesso começou em 1971, quando Zuzuca era compositor do Salgueiro. A letra original, batizada de "Festa para um rei", não tinha relação com o futebol. O refrão de letra fácil foi uma revolução para a época e passou a ser uma regra, substituindo os antigos sambas rebuscados.
- A história era a visita de um rei que veio ao Recife, se não me engano, para contornar um pouco os ânimos dos príncipes. Fiz o samba e botei "olêlê, olálá, pega no ganzê, pega no ganzá", que era para chegar no terreiro arrebentando. E não é que deu certo? - relembra.
A música foi uma das responsáveis pelo título do Salgueiro naquele ano. Ganzá é o nome de um instrumento de percussão parecido com o chocalho e a palavra ganzê foi inventada pelo compositor para rimar. Após o sucesso no Carnaval, a letra foi adaptada de acordo com o interesse de cada torcida, mas a melodia não foi modificada.
- Tudo começou no Maracanã. Daqui, saiu espalhando para o mundo afora. A torcida brasileira lá na Copa do Mundo, América do Sul toda, eu gravei samba no mundo inteiro, mais de 40 países. Informações do SPORTV